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O Pesadelo da Cinderela



Essa Foto foi ele que tirou em 2019
Essa Foto foi ele que tirou em 2019

O meu dia de Cinderela foi com alguém que eu carinhosamente intitulei de Príncipe no meu primeiro livro (página 82).

Ele tinha 25 anos, era moreno, mestiço, alto, gordo e bonito, ele era todo grande, um estilo que eu gosto, tinha um jeito bem intelectual, creio que seja por causa dos óculos.

Já nos conhecíamos há algum tempo somente por mensagens. Ele dizia acompanhar um Blog que eu tive e que foi excluído por ter conteúdo impróprio. Certa noite eu estava na Boate, quando um rapaz me liga e eu respondi a verdade, que eu estava trabalhando em uma casa noturna, ele não se importou e foi me buscar.

Assim que eu entro no carro ele diz que era o rapaz das mensagens e do meu Blog, eu fiquei surpresa, pois era um garoto e se dizia completamente  apaixonado por mim. Eu levo na esportiva porque esse papo de amor e paixão é muito momentâneo para os rapazes mais jovens. Saímos dali para um lugar reservado, onde pudéssemos ficar mais à vontade. Conversamos bastante, no início eu fiquei um pouco assustada e receosa porque ele disse que sabia técnicas de hipnose, e eu acho que ele até tentou me hipnotizar. Me fez uma bela massagem, mas a primeira vez eu sempre fico tensa, pois nunca sei a verdadeira intenção do cliente.

O programa aconteceu normalmente, e ele me deixou na frente

da Boate, eu preferi não entrar,  peguei o meu carro e voltei para Indaiatuba.

Depois desse encontro, muitos outros vieram, não existia WhatsApp e ele sempre me ligava para saber se eu estava bem. Nossos encontros eram quentes, um sexo louco, sempre tomamos banho juntos e esticamos para um café ou um suco. Ele, apesar da pouca idade, tinha uma cabeça

ótima, um bom papo, enfim, era bem adulto para a sua idade.

Ele sempre me presenteava com sapatos, ele sabia que eu amava scarpin e passou a me comprar de todas as cores.

Todo encontro ele repetia o gesto dos Príncipes dos contos de fadas, ele se ajoelhava no chão, tirava os meus

sapatos e coloca o sapatinho novo. Com esse gesto eu me sentia a própria  CINDERELA dos contos de fadas. Ele sabia o meu número e as cores que me faltava, e assim eu fui adquirindo uma coleção de scarpin.

Com o tempo eu fui percebendo que esses sapatos me custariam um preço pelo qual eu não estava disposta pagar. Eu estava no supermercado Pão de açúcar e de repente ele apareceu, eu não poderia conversar naquele momento, mas fui educada e consegui continuar a minha compra. Na mesma semana eu saio de uma farmácia e ele estaciona atrás do meu carro, ele precisava conversar, eu aceito e ele me pede em namoro. Na ocasião eu não poderia abandonar tudo para viver com um jovem sem profissão definida, mesmo que eu o amasse seria uma vida incerta. Eu delicadamente digo que Não! E peço que ele siga a sua vida. No dia seguinte ele me liga várias vezes e eu me descontrolo, peço que nunca mais me procure e faço os bloqueios necessários. E assim eu sigo a vida, anos se passam. Até que eu sou chamada para dar uma entrevista na TV da região sobre Arte. Exposição agendada e quando eu chego no local já tinha um homem na exposição, ele estava de costas e de repente, ele se vira para me dar os Parabéns e me entrega uma sacola com um par de scarpin cintilante com preço na sola para mostrar o quanto custou, atitude extremamente deselegante. A minha família chegando e eu tentando agir normalmente, e assim ele foi conhecendo todo mundo. Eu segui com a minha exposição enquanto ele jantava, naquele momento eu entendi que na realidade ele nunca parou de observar os meus passos. Eu estou relatando esse caso porque uma acompanhante passa por vários tipos de situações, não vive só de festas e putaria como quase todo mundo pensa. Vivemos tendo que lidar com personalidades diferentes, pessoas obcecadas pela nossa presença, passamos medos, corremos riscos e ficamos apreensivas diante de certas situações. Essa pessoa que no inicio eu carinhosamente chamei de Príncipe se tornou um sapo, um tormento, um pesadelo o qual me fez derrubar muitas lágrimas e perder noites de sono, no início ele foi envolvente até conquistar a minha confiança, os pares de sapatos, faziam parte da conquista. Quando se fala em contos de fadas, nem toda história tem final feliz, alguns desfechos são sombrios.

Acho que eu devo parar por aqui.

Suzy Vieira

 
 
 

1 comentário

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Joycechmg
há 13 horas
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Este é um exemplo dos perrengues que uma acompanhante muitas vezes tem que enfrentar. Nem tudo são flores, as vezes temos que enfrentar esses obstáculos em nossos caminhos. Beijo!!!

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