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Programa de índio



Vocês com certeza já ouviram falar em programa de índio,

Mas logo eu, fiz um programa com um índio de verdade, alguém

teve a ideia de levar um índio para se divertir na Boate que eu frequentava, ele era de Manaus e veio participar de um congresso em Campinas.

Logo que entrou na boate, já me olhou dos pés à cabeça. Eu achei normal, mas ele a toda hora passava na minha frente e me olhava

fixamente. Ele era bonito, moreno, olhos esverdeados, cabelo com corte de tigela, corpão,

até que ele diretamente me diz; "eu quero você!!!". Na hora

achei que era brincadeira, mas ele falava sério, com a voz grossa me dizia que dinheiro

não era problema, e que ele gostava de mulher branca.

Saímos da Boate e ele me seguiu até um motel. Primeiro que,

ao chegar ele quase bateu na traseira do meu carro; depois, a ver-

gonha foi na recepção, ele falava alto "Índio quer com 'pole dance'! Mu-

lher branca vai dançar para mim!". A recepcionista do motel me

desejou boa sorte, eu não vi o rosto dela, mas imaginei o quanto

ela estava rindo da minha situação, eu mesma achei engraçado.

Chegando no quarto, ele se comporta grosseiramente, como

um ogro, mas de coração bom, me puxava, me empurrava, me

jogava, me mordia e eu pedia calma, parecia mais uma luta, até

que ele resolveu encher a banheira. Detalhe: de água fria. Esta-

va muito frio, era uma noite de inverno, eu pedia para ele ligar a água quente, e ele me dizia que banho bom é banho de rio, MEU DEUS!!!... Outra luta, inundamos o quarto, até que entrei na banheira. Eu tremia de tanto frio, e

ele queria conversar, queria saber onde havia tatu para ele caçar,

falava de coisas totalmente fora da minha realidade, mas parecia ser um

homem bom, só de uma cultura diferente. Ele disse que sua esposa sabia que ele estaria com outra mulher branca porque índio

não pode ter uma mulher só. E eu nos meus pensamentos, rezava

para o tempo passar.

Voltamos para a cama. Outra luta. Que sexo difícil, ele era

um ogro, enfiava o pau em tudo quanto era buraco que ele achava, ele me xingava na hora de colocar a camisinha, mas ao mesmo tempo em que ele era estúpido, ele se desculpava e me elogiava. O carinho dele era pesado, e eu toda pequena e frágil ali com aquele

homem grande forte e grosseiro. Depois da segunda gozada sofrida pra mim, ele

desfalece e ronca e eu me vejo aliviada, me troco na intenção de ir

embora, afinal, já era 3h 30min daquela fria madrugada e já tinha

dado o horário de ir. Quando estou quase pronta, ele se levanta

e me puxa, rasga a minha roupa, nossa!!! Nessa hora fiquei muito

nervosa e com medo, e pedi, "por favor... me deixa ir". Ele pegou

várias notas de cem reais, todas muito amassadas, e jogou do

lado da cama, pedindo para que eu ficasse. Mas eu já estava tão

dolorida que não ficaria por mais dinheiro nenhum, eu só queria

o combinado, ele insistia e eu tive que mentir que tinha uma

criança pequena, inventei que tinha que dar mamadeira, essa foi

a única forma que consegui para convencer o índio a me deixar

ir embora.

Ele ainda me acompanhou até o portão dizendo, "mulher

branca é muito gostosa, índio quer te ver de novo!". Eu pensei...

Por dinheiro nenhum!!! Dei um número qualquer de celular e fui

embora com o corpo todo dolorido.

Isso é o que eu chamo de "Programa de Índio". Voltei para

casa toda roxa dolorida e ainda ganhei uma marca na coxa esquerda que demorou meses para sumir. No dia seguinte eu fiquei resfriada por causa do banho de banheira com a água gelada em pleno inverno.


Suzy Vieira


"Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneira das

consequências."


Pablo Neruda

 
 
 

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